<< A voz dos e das Autarcas

Évora

Vice-Presidente Sra. Élia Andrade Mira

Um dia, não será mais necessário querer que uma cidade seja educadora, porque ela já o será. Um dia, todos juntos serão uma única demonstração de existência, porque a cada um será dada a oportunidade de viver, de participar, de construir, de empreender, de ser. As coisas grandes não podem ser empreendidas em grande, vão sendo construídas e, para se chegar longe, muito caminho tem que ser feito.

Um dia, alguém sonhou uma cidade capaz de engrandecer os seus habitantes, de os tornar de tal forma importantes que nada mais importaria além da demanda pela sua qualidade de vida, pelo respeito pela sua condição, seja ela qual for, em que momento da sua história for. Um dia, os governos locais decidiram que essa cidade seria possível hoje e empreenderam em pequeno para garantirem que esse dia chegará em grande. O caminho não vai alargando, vai estreitando… as relações, os recursos, os resultados, as consequências. Todos nos encontramos na praça central para dizermos o que nos faz falta e, tantas vezes, o que faz falta a tantos é tão pouco, um pequeno tudo que pode fazer a diferença real na sua vida real.

Um dia a Cidade Educadora torna-se efetivamente território onde tudo é possível apenas porque essa possibilidade congrega todos, todos os sonhos, todos os quereres, todos os poderes, todas as possibilidades de fazer as coisas pequenas até ao dia em que elas se tornem grandes. Aí, nesse dia, nada mais haverá a fazer, a não ser continuar a trabalhar para que a Cidade seja Educadora, apenas por ser cidade.

As cidades são erigidas pelos pulsos dos que as respeitam, as tornam suas e as levam nos braços de porta em porta. As cidades estão a abrir-se aos pátios, às praças, às ruas, aos mundos que o mundo nos traz e estão a chamar a todos. Todos são cidade e por isso todos são rua, são pedra, são espaço ganho ao sonho constante de continuar a sonhar. Todos são cidade, mesmo que o tempo que ainda virá, fazendo da cidade a condição maior de ser educadora, reclame para o seu existir a necessidade louca de continuar a inovar, a surpreender, a transformar, a fazer, a ganhar, a sonhar.

Um dia. Esse dia chega hoje. Esse dia chega quando, na rua da nossa cidade, cabem todos os que a constroem. Esse dia chega quando já não há rua, quando as portas já não se fecham mais em si e quando o espaço é um contínuo relacional entre novos e velhos, estes e aqueles, uns e outros. A cidade chega assim, colocada nos braços que se levam a todo o lado. A cidade é educadora por ser cidade, por ser assim, à medida dos que ainda acreditam que esse dia chega sempre…

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